Homilia – Memória dos Santos Mártires do Brasil

DOM RONALDY SCHEINADER CARDEAL WOJTYŁA


 Memória dos Santos Mártires do Brasil

Amados irmãos e irmãs em Cristo,
“O coração de quem não crê endurece-se e a Palavra, que poderia ser remédio, torna-se motivo de condenação.” Estas palavras nos fazem refletir diante do Evangelho em que Jesus, com dor no coração, exclama: “Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida!”. Ali, onde ressoou a voz do Filho de Deus, onde os milagres foram abundantes, não houve fé, mas obstinação.

Hoje, nesta celebração, unimos a meditação do Evangelho com a memória dos Santos Mártires André de Soveral e seus companheiros, testemunhas da fé que, no Brasil, derramaram o próprio sangue por Cristo. Que contraste tão grande: de um lado, cidades inteiras que rejeitam a Palavra, mesmo cercadas de milagres; de outro, homens e mulheres que, sem ver prodígios, acolheram a Palavra e entregaram a vida com firmeza e esperança.

Meus queridos irmãos, também eu, chamado pelo Espírito Santo ao ministério de Pedro, sinto ressoar estas palavras de Cristo como um apelo à responsabilidade. Porque a fé não é uma herança morta, não é um costume social: é uma chama viva que deve arder nos corações. E esta chama deve ser alimentada não apenas pelas palavras, mas sobretudo pelo testemunho da vida. Foi isso que os mártires do Brasil nos ensinaram: a fé não se negocia, a fé não se vende, a fé não se abandona.

Diante de um mundo muitas vezes indiferente ou hostil ao Evangelho, nós somos chamados a não repetir o erro das cidades. Não basta ouvir; é preciso crer. Não basta admirar os sinais; é preciso converter-se. A incredulidade fecha o coração, mas a fé abre caminho para a vida eterna.

Ao iniciar este serviço como sucessor de Pedro, coloco diante de vós o exemplo luminoso de André de Soveral e os companheiros. Eles não temeram os homens, não temeram a morte, mas confiaram naquele que é a Vida. Que a sua coragem inspire também a nós.

Queridos irmãos e irmãs, o Senhor nos convida hoje à fé viva e operante. Não endureçamos o coração! Acolhamos a Palavra, deixemos que ela nos configure ao coração de Cristo. E que, sustentados pelo testemunho dos mártires e protegidos pela intercessão da Virgem Maria, possamos perseverar até o fim.

Assim construiremos uma comunidade fiel, corajosa e missionária, capaz de ser sinal de esperança para muitos.
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