Homilia – 26º Domingo do Tempo Comum

DOM RONALDY SCHEINADER CARDEAL WOJTYŁA, FSJPII 


“A verdadeira riqueza é a misericórdia”

Caríssimos, Irmãos e irmãs, com esperança e alegria celebramos hoje mais um Dia do Senhor, o domingo, e a liturgia nos apresenta a Parábola do rico avarento e do pobre Lázaro.

Essa parábola, que parece tão simples, contém uma das mensagens mais profundas do Evangelho: a necessidade da misericórdia e da caridade, e as consequências eternas de uma vida vivida com indiferença ao sofrimento do próximo.

Jesus nos apresenta dois personagens:
Um homem rico, vestido de luxo, que todos os dias se banqueteava. E Lázaro, um pobre cheio de chagas, que desejava ao menos as migalhas que caíam da mesa.

Aos olhos humanos, quem era considerado feliz? O rico, é claro. Mas diante de Deus, quem foi acolhido pelos anjos? O pobre Lázaro.

Aqui já vemos o primeiro ensinamento: a verdadeira medida da vida não é o que temos, mas o que fazemos com aquilo que temos.

Após a morte, o rico e Lázaro experimentam destinos opostos. O rico, que tinha tudo, encontra tormento. Lázaro, que não tinha nada, é consolado.

Isso nos recorda que nossos bens, nossa fama, nosso status social não garantem a salvação. O que pesa diante de Deus são as obras de misericórdia, a compaixão, a solidariedade.

Abraão diz ao rico: “Entre nós e vós há um grande abismo, e ninguém pode atravessar de um lado a outro”. Esse abismo significa que, depois da morte, não há como mudar o destino. O tempo da conversão é hoje. Não podemos deixar para amanhã.

O rico pede que Lázaro volte para avisar seus irmãos. Abraão responde: “Eles têm Moisés e os Profetas; que os escutem”. Em outras palavras: já temos tudo o que precisamos para viver bem. A Palavra de Deus, os Sacramentos, a Igreja, o testemunho dos santos. Não precisamos de milagres extraordinários para crer; precisamos apenas abrir o coração.

Irmãos e irmãs, quantas vezes não somos nós o rico da parábola? Quantas vezes passamos apressados diante do sofrimento dos outros? Quantas vezes fechamos os olhos à miséria, ao irmão caído, ao que pede ajuda? Deus nos lembra hoje: não seremos julgados pelo que acumulamos, mas pelo amor que oferecemos.

O luxo sem misericórdia não agrada a Deus.
A indiferença é uma chaga que nos distancia do Reino.
A verdadeira autoridade cristã é servir, e não ser servido.

Queridos irmãos e irmãs, a parábola do rico e de Lázaro é um espelho. Nela podemos nos reconhecer e mudar de vida.
Hoje, o Senhor nos convida a atravessar o abismo enquanto ainda é tempo:
 
Partilhar o pão.
Escutar a Palavra.
Viver a misericórdia.
Ser sinal de esperança para os que sofrem.

E peçamos, pela intercessão da Virgem Maria e inspirados pelo testemunho de São João Paulo I, que aprendamos a ser uma Igreja humilde, simples, próxima dos pobres. Assim, quando chegar a nossa hora, possamos ser encontrados não como o rico indiferente, mas como Lázaro, acolhidos no seio de Abraão, na alegria eterna do céu.

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